Espaço comunicativo, de teor artístico-cultural, em que a expressão poética assume o papel de maior relevo. Não há aqui lugar a pessimismos fátuos, a frustrações e/ou falsas evidências... Prevalecerão o bom senso e o critério humanísticos!
Quinta-feira, 2 de Fevereiro de 2006
EU POETISA ME CONFESSO - CONCHITA MACHADO
NUMA NOITE DE VERÃO
Uma enferma,
sózinha num primeiro andar
de uma casa de campo
dá voltas na cama ...
Pela janela aberta
um castanheiro introduziu
os seus ramos no aposento.
No rés-do-chão
encontram-se várias pessoas reunidas:
conversam e contemplam
o cair da noite sobre o jardim!
De repente,
alguém aponta para o castanheiro:
- Ora vejam ! Mas então está vento?
Todos se espantam, saindo para o patamar:
nem um sopro;
a folhagem, no entanto, agita-se.
Nesse instante, um grito !
O marido da enferma
precipita-sa escada acima
e encontra a jovem esposa
de pé sobre a cama.
Ela aponta-lhe a árvore e cai morta.
O castanheiro
recobrou a costumada quietude !
Conchita Machado
In A MINHA VIDA É UM POEMA